Isabela Prado Callegari
10 de Abril de 2019
No dia em que estamos de luto pelos 80 tiros em um carro de uma família negra, viraliza um vídeo mostrando um rapaz negro colocando caixas embaixo dos pés de uma senhora branca pra ela atravessar a rua, buscando exaltar a “solidariedade e genteboazice” do brasileiro. No entanto, fica claro que o rapaz era mais um se virando na informalidade pra ganhar uns trocos no meio da chuva. Infelizmente, isso não é solidariedade. É exigência social tácita à subserviência, é racismo, desigualdade social e desvalorização das vidas negras também. Em um caso, a violência é coercitiva, bruta e vem direto do aparelho estatal, e no outro, ela é tão explícita quanto, só que mais difusa, sintoma da estrutura social capitalista, de anos de escravidão, e é mais naturalizada. Ambas violências que atingem negros todos os dias.
Cabe lembrarmos de duas máximas de Angela Davis:
“Se todas as vidas importassem, não precisaríamos proclamar enfaticamente que a vida dos negros importa.”
“Em uma sociedade racista, não basta não ser racista, é necessário ser antirracista.”